Viagens

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 17

    Hoje começaremos a voltar para Natal. Pegaremos um vôo aqui de Bogotá para Belo Horizonte às 22h. De BH iremos a São Paulo e, por fim, de Garulhos a Natal, com chegada prevista para amanhã às 16h30.

    Como relatei anteriormente, ontem foi um dia de viagem atípico. Ficamos no hospital, com Nina, da 1h da madrugada até mais ou menos meio-dia. A internação resolveu o vômito insistente, apesar de ela ainda estar um pouco indisposta. Dessa forma, passamos a maior parte do dia no apartamento. Saí apenas para ir ao supermercado e ao para procurar um brinquedo que Nina viu num vendedor de rua. Não achei o que procurava e voltei com uma camisa com estampa de Nezuko, personagem de Demon Slayer, o anime que ela está acompanhando ultimamente.

    Mais uma vez fiz esse deslocamento utilizando as bicicletas do Tembici. Dessa vez optei por uma elétrica. Excetuando-se um teste que fiz dentro de uma Decathlon, em Belo Horizonte, essa foi a minha primeira experiência mais demorada com uma bike elétrica e gostei demais. Ainda que o percurso entre o Chapinero - bairro onde estou hospedado - e o Centro, seja predominantemente plano, dá para sentir o potencial desse pedal assistido em caminhos mais inclinados. Quando o preço das elétricas baixar um pouco mais, vou tentar me organizar para pegar uma ou, pelo menos, adaptar a que já tenho.


    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 7º
    • Temperatura máxima: 22º
    • Passos dados: 8426
    • Distância percorrida caminhando: 5,7 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 16, dia 15, dia 14, dia 13, dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 16

    Escrevo do Hospital Reina Sofía. Nina sentiu-se mal na noite anterior e após vomitar sem parar, acionamos o seguro-viagem e estamos aqui desde 1h30 da madrugada. O diagnóstico foi de uma virose genérica. Como a pequena perdeu muito líquido e o estômago não estava segurando nada, ela está no soro e só vai ter alta quando conseguir comer algo.


    Bogotá vista de cima do Morro Monteserrate

    Ontem fomos ao Monteserrate, um dos cerros de Bogotá, de onde se tem uma vista impressionante da cidade. O percurso entre a base e o topo do morro se faz por teleférico, ainda que seja possível ir a pés, o que fizemos na volta. Durante esse retorno, Ninoca já dava sinais de que não estava se sentindo muito bem, se queixando de incômodo na barriga.

    Esse foi um dos destinos em que encontramos mais turistas estrangeiros concentrados, incluindo brasileiros. Os viajantes do Brasil, porém, não são maioria por aqui, a contrário de outros destinos sulamericanos como Santiago e Buenos Aires.

    Saindo do Monteserrate, o nosso próximo destino era o Museu Botero, para aonde programamos ir de táxi ou ônibus. Decidimos caminhar um pouco para procurar um lugar para almoçar e acabamos chegando andando ao equipamento cultural.


    Em alguma rua do centro de Bogotá, no caminho para o Museu Botero

    O museu localizado nas imediações de La Candelária, onde fica o centro histórico da cidade, foi uma das melhores supresas da viagem até aqui. Cheguei lá sem poucas informações a respeito do acervo e me deleitei quando descobri que todas as obras expostas tiveram origem em doações feitas por Botero. Uma curadoria de luxo.


    O Louvre, sol poente, geada. Camille Pisarro, 1901.

    Renoir, Monet, Camille Pisarro e Salvador Dali estão entre os artistas representados no espaço, além de dezenas de obras do artista colombiano que dá nome ao museu. Grata surpresa. Foi muito gratificante ver Nina explorando as exposições por conta própria e emitando opiniões sobre as obras que mais chamavam a sua atenção, que costumavam ser as com conteúdo mais fotorrealista.

    Broadway Bus at Liberty Street. Richart Estes, 1996. O favorito de Nina no Museu Botero.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 7º
    • Temperatura máxima: 23º
    • Passos dados: 15906
    • Distância percorrida caminhando: 11,7 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 15, dia 14, dia 13, dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 15

    Desde que passei a me interessar mais ativamente por discussões sobre mobilidade urbana, eu já tinha uma breve noção do quanto os sistemas de ônibus e ciclovias de Bogotá eram referência.

    Desde que chegamos a Bogotá, há quatro dias, a vontade de explorar a cidade em uma bicicleta só foi aumentando. Ontem deu certo.

    A nossa programação para ontem incluía conhecer o Mercado de Pulgas de Usaquén>. Fizemos esse passeio pela manhã, mas Márcia acordou incomodada com com enjôos e dor de cabeça, o que nos fez voltar mais cedo para o apartamento em que estamos hospedados.

    Na verdade, o Mercado de Las Pulgas está mais para para uma feira de artesanato. Pude ver algumas coisas bem interessantes como umas peças em madeira representando umas janelas típicas colombianas e umas esculturas feitas a partir de discos de vinil, mas essa feira de rua se mostrou menos caótica e surpreendente do que a Feira de San Telmo, em Buenos Aires ou a Feira Hippie de Belo Horizonte.

    Com Márcia indisposta e Nina sem querer me acompanhar na exploração vespertina da cidade, estava aí a minha oportunidade de pedalar sem destino pelas ruas da capital da Colômbia.

    Por aqui há o Tembici, o sistema brasileiro de aluguel de bicicletas que está presente em cidades como São Paulo, Rio e Belo Horizonte e que é mais conhecido pela parceria com o Itaú e pelas bikes laranja que podem ser encontradas nos maiores centros urbanos do Brasil.

    Estação da TemBici em Bogotá

    A minha primeira experiência com esse estilo de locação de bicicletas se deu em dezembro de 2011, em Paris, quando pude me deslocar pela cidade com Márcia através do Velib, serviço que inspirou o própria Tembici, como Maurício Villar, fundador da empresa explicou nesse episódio do Tecnocast.

    Àquela época, o Velib estava em funcionamento há pouco mais de 4 anos e usava como base muitas ciclovias e faixas exclusivas, mas também dependia de faixas compartilhadas com ônibus, o que dava toda uma emoção aos deslocamentos, mas não me parecia o modelo mais adequado.

    É mais ou menos a ideia por trás das ciclofaixas implantadas em Natal ao longo dos últimos anos, onde há uma quantidade razoável de faixas exclusivas para as bicicletas em Petrópolis, Tirol e em algumas avenidas da Zona Norte como a Moema Tinôco e a Itapetinga, mas com a insistência em demarcar faixas compartilhadas com ônibus em vias movimentadas como a Salgado Filho/Hermes da Fonseca, Prudente de Morais e Engenheiro Roberto Freire.

    Aqui em Bogotá a opção foi por priorizar faixas exclusivas em ruas e avenidas paralelas às principais em detrimento das faixas compartilhadas com ônibus em via de maior circulação. Em Natal seria o equivalente a abrir mão da faixa compartilhada da Avenida Engenheiro Roberto Freire e optar por demarcar ciclovias exclusivas nas ruas mais para dentro de Capim Macio, no sentido Ponta Negra.

    O resultado desse sistema adotado aqui na capital da Colômbia é que o modal bicicleta é largamente utilizado pelas pessoas como meio de transporte do dia a dia, além de estar bem integrado ao outro modal principal que são os ônibus ao estilo do BRT brasileiro. Em várias situações presenciei usuários do transporte público embarcando nos ônibus com as suas bicicletas, descendo mais à frente e seguindo o restante do seu trajeto no veículo de duas rodas. Por sinal, os ônibus são um tema a parte em se tratando de Bogotá. Utilizamos bastante nos nossos deslocamentos por aqui e pretendo escrever algo sobre essa experiência por aqui.

    Numa das ciclovias de Bogotá

    Essa minha primeira experiência de bike por aqui consistiu num deslocamento entre Chapinero, bairro onde estou hospedado, e as imediações do Centro da cidade, num deslocamento de mais ou menos 12 km, considerando a ida e a volta. Segui por uma avenida menos movimentada e que tem uma ciclovia exclusiva no meio do passeio público e não compartilhada com pedestres. Usei o TemBici (há uma estação na esquina oposta ao apartamento em que estou) e para o deslocamento em questão gastei algo em torno de R$ 10.

    Não vejo a hora de pegar outra bike para explorar a cidade mais uma vez nos três dias que me restam por aqui.

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 9º
    • Temperatura máxima: 21º
    • Passos dados: 10989
    • Distância percorrida caminhando: 7,6 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 14, dia 13, dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 14

    Ontem foi dia de conhecer o impressionante Parque Simón Bolívar, o maior da cidade e o Parque Ciudad de Los Niños, que ficam próximos e separados apenas por um rua.

    À noite fomos à Zona T, uma parte da cidade com muitas lojas de marcas caras e famosas, além de restaurantes metidos a besta. Bacana conhecer numa caminhada despretenciosa, mas trata-se de uma área super gentrificada que não me interessa muito e para a qual não faço questão de voltar.


    Lago do Parque Simón Bolívar


    Ninoca posando no mesmo parque


    Parque Ciudad de Los Niños


    Zona T

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 11º
    • Temperatura máxima: 21º
    • Passos dados: 20675
    • Distância percorrida caminhando: 14,5 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 13, dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

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    Viagem Colômbia 2024 - Dia 13


    Museu do Ouro

    Ontem foi o nosso primeiro dia completo aqui em Bogotá e eu, Nina e Márcia optamos por explorar o centro da cidade, com o objetivo principal de conhecer o Museu do Ouro.

    O equipamento cultural está no mesmo nível dos grandes museus de metrópoles europeias e norteamericana, mas com um acervo muito particular já antecipado pelo próprio nome da instituição e constituído de milhares de exemplares de objetos oriundos da ourivesaria e metalurgia da América pré-hispânica - sobretudo colombiana e/ou andina.


    Entorno do museu

    Após algumas horas no museu, já perto do fim da tarde, resolvemos caminhar pelo entorno e acabamos chegando num quarteirão do Centro da cidade que abriga dezenas de livrarias e sebos, muitos dos quais especializados em conteúdo jurídico.


    Museu de Arte Moderna de Bogotá

    Seguimos andando a pés em direção ao apartamento onde estamos hospedados e acabamos chegando por acaso ao Parque de la Independência, que abriga o MAMBO, o Museu de Arte Moderna de Bogotá. Pelo avançar da hora, adicionamos adicionamos aquele equipamento cultural à lista de lugares a conhecer por aqui e tentaremos voltar nos próximos dias.

    Primeiras impressões sobre o transporte em Bogotá

    A despeito de a população da capital colombiana beirar os 8 milhões de habitantes, a cidade não dispõe de metrô. O transporte coletivo bogotano é baseado num amplo sistema de ônibus e BRTs e ontem tivemos a primeira experiência.

    O apartamento onde estamos hospedados fica a cerca 200 m de uma estação de e usamos o sistema na ida e na volta do nosso deslocamento até o Centro. Pelo que deu para entender, as avenidas maiores funcionam como corredores para os BRTs. Outros ônibus de menor porte circulam por ruas menores. Todas as linhas e tempo de espera são acessíveis por um aplicativo específico da administração pública bem como através do Google Maps. Apesar disso foi um pouco complicado para nós descobrir sozinhos em que porta da estação cada ônibus parava, mas havia muitos funcionários com a informação na ponta da língua e muito solícitos.

    Ainda sobre os BRTs, a área utilizada pelos veículos e aquela destinada às estações, deve ocupar pelo menos 3 faixas da via pública, o que denota o grau de prioridade que o sistema de transporte coletivo tem aqui em Bogotá. Lembro do burburinho que aconteceu em Natal quando, há uns 10 anos, começou a se implantar na cidade corredores exclusivos para ônibus em vias como a Salgado Filho, Prudente de Morais e Hermes da Fonseca.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 10º
    • Temperatura máxima: 21º
    • Passos dados: 15809
    • Distância percorrida caminhando: 10,6 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 12

    Escrevo já de Bogotá. Ontem, nosso último dia em San Andrés, tínhamos apenas a manhã para aproveitar a ilha, visto que o vôo que nos traria à capital colombiana sairia às 17h30.

    Por já estarmos familiarizados com os tempos de deslocamento entre o albergue e a Praia Spratt Bigth, acabamos aproveitando os nossos últimos momentos no Caribe colombiano naquela praia próxima ao centro da ilha. Logo eu, que já escrevi uma canção meio autobiográfica sobre a minha falta de apreço por praias, vou sentir saudades dessa experiência nas praias de San Andrés. Tem sido realmente legal essa experiência de sentar protegido pela sombra de uns coqueiros, entrar no mar, beber uns drinques e continuar nesse movimento por algumas horas.

    Anteontem à noite, quando eu e Nina saímos para comer no Centro de San Andrés, tínhamos como plano voltar de ônibus, mas como ficou um pouco tarde e a condução demorava para passar, acabamos retornando de táxi. Chegando ao hostel, o taxista não tinha troco. Combinamos de ele ficar com o todo o dinheiro na condição de nos levar para o aeroporto quando fóssemos deixar a ilha no dia seguinte. Fiz esse combinado já considerando que ele podia não honrar a palavra, mas com um atraso de apenas 5 minutos, ele veio nos buscar e chegamos com bastante tranquilidade e antecedência para seguir viagem.

    O vôo que nos trouxe até Bogotá durou pouco mais de duas horas e comemoramos em silêncio quando o app do Uber indicava que o apartamento que ficaríamos hospedados estava a pouco mais de 20 minutos de carro do aeroporto. Nas duas primeiras pernas dessa viagem, em Belo Horizonte e Meddelin, precisamos passar cerca de 1h nos transportes entre os aeroportos e as hospedagens. Essas horas perdidas em deslocamentos são preciosas mesmo quando servem apenas como alguns momentos a mais para descanso.

    Chegamos ao Airbnb perto das 21h e decidimos explorar a vizinhança. Além de uma estação de locação de bicicletas da Tembici, aqui pelas redondezas há alguns restaurantes, lanchonetes e um supermercado 24h bem grande e sortido. Hoje é dia de sair para explorar melhor o bairro em que estamos e o Centro de Bogotá, onde pretendemos visitar o Museu do Ouro.

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 26º
    • Temperatura máxima: 32º
    • Passos dados: 7470
    • Distância percorrida caminhando: 5 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 11

    Em um lugar relativamente pequeno como a Ilha de San Andrés, com uma quantidade bem limitada de lugares para visitar, passamos a reconhecer uma série de pessoas que tínhamos visto em dias anteriores, ainda que não tenhamos trocado uma palavra sequer. Ontem isso aconteceu bastante, quando finalmente conseguimos fazer o passeio de barco que levava a outras duas ilhas menores, Johnny Cay e Rose Cay.

    As embarcações que fazem esse roteiro saem de um cais localizado no Centro da ilha principal e, no nosso caso, levava cerca de 20 passageiros. Não sei se pela maré cheia ou por pura iniciativa do capitão do barco, o deslocamento até Johnny Cay foi “com emoção”, tal qual a modalidade ofertada pelos bugueiros de Genipabu. Durante todo o deslocamento, mais uma vez fiquei impressionado com a cor da água. Não chegamos exatamente a estar em alto mar, cuja referência de cor - aquele azul marinho super escuro - eu passei a ter após participar, como observador, de uma atividade de pesquisa do Projetos Mamíferos Marinhos do Rio Grande do Norte, que monitora as baleias Jubarte no litoral potiguar. Entretanto a distância da terra firme já era suficiente para trazer à superfície os meus instintos mais medrosos.


    *Praia na Ilha de Johnny Cay. No horizonte, à esquerda, se vê a Ilha de San Andrés.

    Ao chegar a esse primeiro destino do dia, teríamos duas horas horas para explorar. Toda a areia dessa e da outra ilha para a qual iríamos mais tarde era coberta por pedras e partes soltas dos corais próximos, de maneira que se recomendava ir com algum calçado para diminuir as chances de cortes nos pés. Nina e Márcia usaram as Melissas que já tinham e eu precisei comprar um tênis com um solado de borracha, que provavelmente nunca mais voltarei a usar, mas que pelo menos custou pouco - algo em torno de uns R$ 30.

    A dita praia principal, provavelmente por estar em maré alta, estava com águas bem agitadas, o que fez do banho uma brincadeira divertida com Nina. Impossível não pensar no imaginário sobre ilhas remotas e pequenas construído pela literatura e cinema desde pelo menos o Século XVIII, com Robinson Crusoe e passando pelo Naufrágo de Tom Hanks ou por Lagoa Azul, filme que marcou bastante a minha geração, seja pela premissa do roteiro ou pela presença magnética de Brooke Shields.

    Tentamos explorar o restante de Johnny Cay, que deve ter cerca de 2 Km², com a maré alta uma parte da ilha estava inacessível pela praia.

    Perto do horário de saída para a continuação do passeio, decidimos almoçar por lá. A minha impressão geral sobre a comida na Colômbia até agora, é que os pratos, sobretudo as carnes, são muito pouco temperados para o meu paladar e sensibilidade brasileiros. Com exceção dos ceviches, que pelos próprios ingredientes utilizados trata-se de um prato com muitos condimentos e sabores, os preparos baseados e pescados ou frango têm sido bem sem graça por aqui.

    Continuamos no barco em direção ao Aquário Haynes Cay, que é mais ou menos como os parrachos do litoral do Rio Grande do Norte, e de onde se pode ir “caminhando” até a Ilha Rose Cay. O local serve principalmente à observação do bioma dos corais, peixes como arraias e enguias.

    No intuito de fazer fotos e vídeos e, principalmente, para usar o pagamento com os cartões virtuais, já embarcamos pela manhã com uma daquelas capas plásticas protetoras que servem para usar telefones na água. A nossa deu conta do recado até essa última etapa do passeio, quando Márcia, empolgada ao ouvir que uma arraia nadava por perto de onde ela estava, mergulhou para observar o peixe. O movimento fez com que entrasse água na capa e, provavelmente pelos altofalantes, o telefone também tenha recebido líquido, o que fez a tela ficar manchada e a o funcinamento do touch ficar estranho. Por um momento fiquei preocupado, pois vinha usando o aparelho para mapas, como meio de pagamento e outras formas mais óbvias de comunicação, mas logo desencanei e me dediquei a aproveitar os últimos momentos do passeio.

    Amanhã será o nosso último dia aqui em San Andrés. As 17h voaremos rumo a Bogotá.

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 25º
    • Temperatura máxima: 31º
    • Passos dados: 12679
      • Distância percorrida caminhando: 7,8 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 10

    Ontem tínhamos como planos aqui em San Andres fazer um passeio até Johnny Cay, uma ilha menor que fica a cerca de 1,5 km da principal e aonde passaríamos o dia, mas com a maré alta, as idas de barco até lá estavam suspensas.

    Acabamos antecipando uma programação que faríamos em outro dia e fomos conhecer o vilarejo de San Luis, que fica na parte leste da ilha e tem praias menos movimentadas que as do Centro.

    Depois de anos veraneando em Tabatinga - durante a infância, na casa de tios; e desde 2007, na casa dos pais de Márcia - a praia do Litoral Sul potiguar é a minha régua quando preciso emitir opinão sobre outras. Coincidentemente, a praia em que passamos o dia ontem tem uma geografia que lembra bastante algumas enseadas de Tabatinga, mas com a cor do mar em diferentes tons de verde e azul, sobre a qual comentei ontem, e que é realmente uma coisa impressionante de se ver ao vivo.


    Praia em San Luís, num dos vilarejos de San Andrés

    Desde a nossa chegada no domingo à noite, a impressão que tenho é que ainda que seja um destino relativamente procurado por turistas estranjeiros, San Andrés é muito visitada por colombianos que vivem na parte continetal do país. Conversei com um senhor de Bogotá quando estive na praia Splat Bright e aqui no albergue há um grande movimento de famílias colombianas fazendo entrando e saindo desta hospedagem.

    Saímos de San Luís por volta das 16h, no intuito de voltar ao hostel, trocar de roupa e irmos a outra parte da ilha para ver o por do sol. Mas já bem perto do albergue havia um cachorro enorme solto no meio da única rua de acesso, o que nos fez dar meia volta e após três tentativas de enfrentar a fera, reunimos coragem para seguir caminho, com o detalhe de que assim que passamos por ele, o perro entrou em casa. Desse modo, perdemos a hora de ir ao por do sol no lugar em que havíamos planejado e acabamos vendo na rua principal, perto de onde estamos.


    Por do sol em Cabañas Altamar, bairro em que estamos hospedados em San Andrés

    À noite decidimos, cansados de mais um dia com surra de praia, fizemos um macarrão no hostel e decidimos ficar por aqui mesmo.

    Hoje, mais tarde, tentaremos fazer o passeio à ilha Jonny Cay, que ontem estava inacessível.

    Algumas estatísticas do dias

    • Temperatura mínima: 26º
    • Temperatura máxima: 31º
    • Passos dados: 8659
    • Distância percorrida caminhando: 5,1 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 09

    Ontem foi o nosso primeiro dia inteiro aqui em San Andrés. A ilha fica a menos de 200 km da Nicarágua, mas pertence à Colômbia, de quem está a quase 800 km distância. Em relação ao tamanho, tem praticamente as mesmas dimensões de Fernando de Noronha, com 27 km2.

    Nosso plano era conhecer a praia principal, da qual estamos a uns 2,5 km de distância, e passar o dia por lá. A ilha tem ônibus e táxis como principais meios de transporte. Também se alugam uns quadriciclos que lembram carrinhos de golfe, mas achamos caros (cerca de R$ 250 por diária) e estamos nos deslocando basicamente a pés e de busão.

    No geral, as paisagens da ilha têm sido bastante familiares, com alguns dos seus trechos lembrando bastante praias do Litoral Sul do Rio Grande do Norte como Búzios.

    O caminho entre Cabañas Altamar - bairro onde fica o nosso hostel - e a Praia Splatt Bight, leva uns 25 minutos de caminhada. Mas o calor já estava intenso pouco após as 9 horas da manhã, de maneira que eu já fiquei bem incomodado no começo do passeio e me pus a pensar se o o clima por aqui seria sempre assim. Bastou chegarmos à praia e estendermos a canga numa faixa de areia sombreada por vários coqueiros para ficar tudo bem.


    Praia Splatt Bight, no centro de San Andrés. A ilha ao fundo é a Johhny Cay, aonde pretendemos ir nos próximos dias.

    Apesar de aparentemente ser um destino menos conhecido que Cancún, Punta Cana e Aruba, a Ilha de San Andres também fica no Caribe e o mar por aqui realmente tem aquela paleta de cores em diferentes tons de verde e azul que passamos a associar às aguas caribenhas, seja através do cinema ou por meio das propagandas turísticas.

    Acabou que passamos boa parte do dia na Praia Splatt Bright, num tipo de programação que sempre quero fazer quando em Natal, mas raramente consigo: chegar relativamente cedo à praia, entrar no mar, voltar para a cadeira pra ficar contemplando a paisagem, ler um pouco (por aqui estou lendo Cozinha Confidencial, de Anthony Bourdain), pedir um petisco e uma bebida, entrar no mar novamente e continuar nesse movimento até o fim da tarde.

    Uma coisa que me chamou a atenção foi a diversidade de vestimentas entre os que estavam na praia, incluindo uma família que permaneceu com calça jeans, tênis e camisa/blusas durante as 5 ou 6 horas em que estivemos por lá.

    Perto das 17h decidimos voltar para o hostel, mas antes passando em um supermercado para comprar algumas frutas e outros alimentos. Entretanto, quando chegamos ao que encontramos no Google Maps, o mesmo estava fechado. Também estranhamos o fato de o ônibus que esperávamos demorar mais que os 10 minutos em média que nos foram comunicados pelo nosso anfitrião, estarem demorando mais.

    Mais tarde descobriríamos através de Dona Luz, proprietária do hostel e uma mulher gentil e agradabilíssima, que ontem, dia 08 de janeiro, a cidade estava comemorando o feriado de Reis, que acontecera no dia 06, sábado. Ela nos explicou que na Colômbia, quando os feriados caem em fins de semana, são empurrados para o próximo dia útil, para que possams ser efetivamente desfrutados.

    Depois de umas duas horas de descanso no albergue, à noite voltamos ao Centro da ilha para flanar um pouco e procurar um lugar para jantar.

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 27º
    • Temperatura máxima: 31º
    • Passos dados: 20333
    • Distância percorrida caminhando: 12,5 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 08

    Escrevo já de San Andrés, nosso segundo destino na Colômbia.

    Ontem, nosso último dia em Medellin, tínhamos apenas a manhã para explorar a cidade, visto que precisávamos sair para o aeroporto por volta das 14h. Desse modo, optamos ficar caminhando a esmo por outra parte do bairro de Laurelles que ainda não havíamos explorado.

    As impressões que tivemos logo na primeira noite por lá e foram se consolidando nos dias seguintes, mais uma vez se confirmaram. A paisagem baseada em prédios com fachada em tijolos de barro aparente alidada ao conforto térmico que as ruas arborizadas e o próprio clima da cidade proporcionam, fazem do caminhar sem rumo pelas ruas de Laurelles uma programação irresistível.

    Acabamos por fazer um brunch num café argentino ao qual chegamos por acaso e acabamos, por volta do meio-dia, entrando num supermercado nas imediações para comprar alguns lanches pro vôo que nos traria até aqui em San Andrés. Aparentemente uma programação banal, ir a mercados em cidades de outros países é uma atividade que aprecio bastante. Por aqui temos nos surpreendido com a quantidade de frutas diferentes e deliciosas. Destaque para a granadilla, fruta bem parecida com o maracujá, mas com a polpa branca e dulcíssima.

    Granadilla, o maracujá doce e uma das frutas mais saborosas desse mundão


    Várias espécies de batata, milho e pitaia

    Após desbravar a vizinhança pela última vez, voltamos ao apartamento e nos arrumamos para o próximo deslocamento de avião. O caminho entre Medellin e o aeroporto passa pelo Oriente, o maior túnel que já percorri na vida, com cerca de 8,2 km de extensão. Durante o percurso conversamos bastante com o motorista que nos levou. Entre os assuntos, a situação dos aplicativos de mobilidade urbana na Colômbia - especialmente o Uber -, que ao contrário do Brasil, ainda não são legalizados.

    Desembarcamos em San Andrés por volta das 18h30 e viemos quase que imediatamente para o Hostel em que estamos hospedados. Compramos comida, cervejas e água e permanecemos na hospedagem pelo resto da noite.

    Enquanto jantávamos na cozinha compartilhada conhecemos Julian, um inglês de Bristol que estará por aqui por dois dias e depois seguirá para uma estada de 10 dias em Providência, outra ilha colombiana relativamente próxima daqui.

    Tive alguma dificuldade para me fazer compreender, mas o papo fluiu e, entre outras coisas, conversamos sobre as nossas impressões a respeito da Colômbia e as insatisfações mútuas com as guinadas à direita nas políticas dos nossos países. No caso dele, o Brexit. No meu, o desgoverno do Bozo.

    Esses encontros que os ambientes de albergues proporcionam são impagáveis e gratificantes. Lembro agora de uma das primeiras e mais marcantes experiências que tive em hostels.

    Trinta e um de dezembro de 2011, eu e Márcia estávamos em Roma e após um dia de flanagem pela cidade voltamos ao albergue no começo da noite, ainda sem planos concretos para a virada do ano. Ao passar por uma área comum da hospedaria, fomos convidados por um grupo de uns 8 franceses e francesas de Lille - talvez uns 5 anos mais novos que nós 2 - a nos juntar a eles. Nos comunicávamos nos fragmentos de francês, inglês e espanhol que o meu parco vocabulário abrigava, mas ainda assim tive uma das mais divertidas passagens de ano da vida.

    Daqui a alguns minutos saio com Márcia e Nina para começar a explorar essa San Andrés.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 15º
    • Temperatura máxima: 27º
    • Passos dados: 11404
    • Distância percorrida caminhando: 7,2 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 07

    Ontem fizemos uma pequena viagem dentro da viagem. Fomos conhecer Guatapé, uma cidade localizada a pouco mais de 80 km de Medelín e que atrai milhares de turistas diários, em parte graças a duas atrações: o Peñol de Guatapé e a Represa de El Peñol.

    O primeiro é uma formação rochosa que lembra bastante o Morro da Urca, e a cujo topo se chega através de uma escadari com mais de 700 deguaus, esculpida na rocha. Do mirante se pode contemplar a impressionante represa que alagou uma área com cerca de 74 Km² para a construção de uma usina hidrelétrica. Obviamente, tratou-se de uma obra que impactou milhares de pessoas do entorno, que vivam nas cidades e zonas rurais inundadas durante o processo, fato bem abordado pelos guias que acompanharam o nosso grupo.

    Contratamos um passeio guiado que também incluiu o deslocamento por ônibus entre as duas cidades. Esse translado é uma atração à parte pois segue caminhos que cortam as montanhas da Antióquia e revelam algumas áreas menos urbanizadas e pequenas cidades belíssimas. A previsão era que o deslocamento durasse duas horas, mas levou pelo menos mais duas por causa de um acidente de na única rodovia que leva a Guatapé.

    Chegando ao destino do dia, almoçamos em um restaurante previamente contratado pelos guias e em seguida fomos explorar a cidade, cujo centro lembra bastante o de alguns destinos litorâneos brasileiros, com um charme discreto que a combinação da gentrificação com a preservação arquitetônica proporciona.

    Uma particularidade de Guatapé são os zocalos, espécies de murais erigidos em cimento na parte inferior das paredes externas das habitações e prédios comerciais. Inicialmente pensados como solução para evitar que as chuvas comprometessem a estrutura dessas construções, os zócalos passaram a representar uma parte da identidade visual de cada residência e do espaço de cada loja ou prestador de serviço, contendo pequenas esculturas embutidas na parede que visam informar algo sobre os habitantes/proprietários daqueles lugares.


    Zocalo indicando que na loja se conserta ou vende calçados

    Outra etapa inclusa no tour que contratamos foi um passeio de barco pela área alagada da Represa de El Peñol, área que mais tarde contemplaríamos do alto do Peñol.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 14º
    • Temperatura máxima: 26º
    • Passos dados: 22659
    • Distância percorrida caminhando: 14 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Olá! Até logo!

    Em algum dos seus livros de humor Woody Allen brinca com a ideia de haver um rosto específico para cada uma das mais de 6 bilhões de pessoas que vivem na Terra.

    Sempre que estou no metrô ou num cruzamento de ruas de uma grande cidade diante daquele sem-fim de pessoas, lembro da frase do cineasta norte-americano e penso nesses encontros interrompidos que estar em multidões suscitam. Pessoas com quem cruzamos na ruas e nunca mais veremos.


    Num ônibus no meio das montanhas da Antióquia, a caminho da cidade de Guatapé

    Trago esse tema agora pois ontem fomos conhecer a Comuna 13 aqui em Medellin e contratamos um guia que conduziu a nós e a outras pessoas num grupo com pessoas de diferentes nacionalidades, com quem estive por algumas horas e nunca mais verei na vida.

    A lembrança mais remota que guardo dessa sensação vem de 2008, quando estive no Rio por um mês para dar conta de uma parte da minha pesquisa de mestrado. Em algum sábado de agosto daquele ano, quando eu e Márcia estávamos explorando o bairro de Santa Teresa acabamos passando a tarde com um casal de franceses que veio nos pedir informações sobre a cidade, e quando souberam que iríamos a Copacabana, perguntaram se poderiam se juntar a nós. Quando nos despedimos já no começo da noite, não encarei com naturalidade o fato de nunca mais voltar a ver aqueles dois, sem nem ao menos trocar endereços de e-mail ou contas na rede social da época (provavelmente o Orkut).

    Escrevo isso num momento em que deparo com uma situação semelhante. Estou num ônibus à caminho de Guatapé, uma cidade que fica a cerca de 100 km de distância de Medellin. Eu, Márcia e Nina contratamos um tour para esse destino e estamos juntos de outras 20 e poucas pessoas de diferentes nacionalidades, entre eles colombianos, panamenhos, franceses holandeses e até um moldávio.

    Mais uma vez a interação não vai ser muito diferente de “Olá! Até Logo!”

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 7º
    • Temperatura máxima: 22º
    • Passos dados: 8426
    • Distância percorrida caminhando: 5,7 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores:dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 06

    Quase todas as viagens que fiz na vida foram com companhia. No últimos 10 anos, especificamente, junto de Márcia e Nina. A despeito de estar muito bem acompanhado das duas, sinto falta de não ter experiência solo em destinos fora de Natal e do Brasil. Assim, em quase todas as viagens em família tento criar algumas situações para estar sozinho mesmo que por poucas horas.

    Normalmente essas escapulidas envolvem meras caminhadas ou idas a jogos de futebol. Foi o que fiz quando estive em Santiago pela primeira vez, em 2016. Consegui ir à um jogo da Universidad de Chile, no Estádio Nacional. O mesmo quando estive em Montevidéu, em 2017, e pude ver um jogo do Penharol contra o Liverpool daquela cidade, num pequeno e charmoso estádio de bairro.


    Jogo da Universidad de Chile. Estádio Nacional de Santiago, janeiro de 2016.

    No estádio Belvedere para assistir a Liverpool x Penharol. Montevidéu, julho de 2017

    Com o futebol em recesso na Colômbia até a última semana de janeiro, as minhas investidas solo por Medellin têm consistido em idas a padarias e mercados no início da manhã.

    Ontem, por exemplo, fui pelo segundo dia seguido à Padaria Dona Aída, especialmente em busca de um croissant que Nina gostou e tem sido um dos poucos alimentos que ela tem comido por aqui em razão de de estar bem ansiosa e canalizar esses sentimentos para a alimentação. Tem sido difícil lidar com isso no meio da viagem e sem as referências que ela tem quando em casa, mas aos poucos a pequena tem demonstrado estar mais tranquila.


    Batendo o ponto diariamente na Panadería Doña Ainda para comprar o croissant de Nina

    Nossa programação no dia de ontem teve como ponto principal a ida à Comuna 13, uma comunidade localizada numa das montanhas da cidade e que até um passado recente convivia com as consequências da atuação do narcotráfico, bem como das políticas de repressão ao crime que, sob o pretexto de limpeza da bandidagem, assassinou milhares de pessoas. Impossível não traçar paralelos com a maneira como as forças de segurança atuam nas áreas periféricas de diferentes cidades do Brasil.

    Assim como a maior parte de Medellin, a Comuna 13 também se livrou da violência e caos resultantes da atuação do crime organizado e hoje consegue capitalizar esse feito, transformando as histórias do lugar e dos seus habitantes em atração turística.

    Confesso que quando eu e Márcia começamos a considerar os lugares que gostaríamos de conhecer em Medelin e a Comuna 13 apareceu na lista, me questionei se essa pegada de ponto turístico muito visitado me interessaria na prática. A despeito das milhares de pessoas que exploravam as ruas apertadas - a geografia de lá lembra bastante a de comunidades do Rio de Janeiro, com moradias improvisadas subindo o morro e ruas estreitíssimas - a experiência foi muito marcante.

    Contratamos um tour guiado no Get Your Guide, e aleatoriamente chegamos a Sebastian, um norteamericano com cerca de 30 anos, radicado em Medelin desde a infância, e que nos ofereceu uma visão bastante particular dessa área da cidade. A explicação que ele deu sobre as operações para pacificação da comuna foram um dos momentos mais marcantes da cidade até agora.


    Vista de um dos mirantes da Comuna 13

    À noite fomos conhecer o Lleras Park, uma área do bairro El Poblado que concentra inúmeros bares, cafés, boates e albergues. É uma região que claramente passou por um intenso processo de gentrificação e me fez lembrar bastante as ruas mais movimentadas de Pipa, numa proporção bem maior e sem o charme da praia do litoral Sul do Rio Grande do Norte. Quase optamos por nos hospedar nessa área da cidade, mas agora comemoro em silêncio por termos optado por Laurelles, uma região com bastante movimento, mas numa pegada mais residencial e aparentemente menos moldada para turista ver.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 24º
    • Temperatura máxima: 25º
    • Passos dados: 21568
    • Distância percorrida caminhando: 13,5 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 05

    Relativamente familiarizados com o Laurelles, nosso bairro, ontem foi dia de visitarmos o centro de Medellin. Saímos da nossa hospedagem com alguns pontos de interesse em mente, mas também acabamos por flanar sem muito rigor por essa região da cidade.

    Pelo segundo dia seguido fizemos a maior parte dos deslocamentos mais longos através do metrô, que por aqui é de superfície e custa 3650 pesos colombianos, ou cerca de R$ 4,60 por passage, como eles chamam por aqui, diferentemente de Santiago e Buenos Aires, onde se referem a cada passagem como viaje.

    Até agora tivemos a experiência de usar o metrô de Medellin em momentos com menos movimento e em outros perto dos horários de pico. Não sei se é em função de estarmos nos primeiros dias do ano, período de férias escolares e em que provavelmente muitos medellinenses devam sair da cidade, ou uma situação exclusiva das linhas A e B que temos usado, mas comparado com outras cidades que têm estrutura de trens urbanos que já visitei, achei o movimento deste meio de transporte relativamente tranquilo por aqui. Do apartamento onde estamos hospedados até uma das duas estações mais próximas - floresta e estádio - temos levado cerca de 25 minutos de caminhada. A Estação Estádio, como o nome sugere, leva ao Estadio Atanasio Girardot, o maior da cidade, onde jogam os dois clubes grandes daqui: o Atlético Nacional - aquele mesmo que jogaria a final da Sulamericana com a Chapecoense, quando o time brasileiro sofreu o acidente aéreo - e o Independiente. Pena que o futebol aqui na Colômbia esteja em recesso e eu não possa assistir a uma partida estando tão próximo a esta cancha, mas vou tentar fazer pelo menos a visita guiada ao museu.

    Como eu vinha falando antes, o dia de ontem foi dedicado a explorar pontos de interesse do centro.

    Começamos no Parque de los Pies Descalzos, um equipamento construído com o objetivo de servir como espaço destinado a momentos de desconexão para os funcionários públicos e outros trabalhadores da região nos intervalos dos seus trabalhos. Lá as pessoas são convidadas a ficarem literalmente descalças e caminharem pelo parque cujo chão é composto por pequenas pedras que, hora massageiam os pés, hora causam pequenas dores e, pouco além, molhar os membros inferiores na fonte que jorra direto do chão. Algumas pessoas, especialmente crianças - e dentre essas, Nina - vão além e molham todo o corpo.


    Fachada externa da Biblioteca EPM

    Continuando caminhando pelo Centro em direção ao Museu Antióquia, acabamos por parar na Biblioteca EPM, que naquele momento pensávamos se tratar da Espanã, a mais conhecida da cidade, mas enquanto escrevo esta postagem descubro que era uma voltada para ciências, indústria, tecnologia e meio ambiente. Explorei bem pouco o acervo, mas me chamou a atenção o quanto se trata de um espaço convidativo para quem passa pela rua e, sobretudo, como é um lugar que chama os seus usuários a permanecerem por lá. A biblioteca é repleta de sofares e cadeiras confortáveis e no tempo em que estive por lá foi possível observar vários medellinenses lendo jornais, usando as dezenas de computadores espalhados pelo prédio, ou simplesmente usando o espaço para descansar e cochilar, expandindo a noção de biblioteca para além de um repositório de livros.


    Interior da biblioteca

    Na sequência seguimos em direção ao Museu Antióquia e à Praça Botero. Esse caminho revelou um centro caótico com muito comércio de rua tomando as calçadas, não muito diferente das áreas centrais de muitas cidades brasileiras.

    O Museu Antióquia foi uma grata surpresa desta viagem. Nas pesquisas que fiz sobre a cidade ao longo dos últimos meses, sabia que o equipamento abrigava um acervo considerável de artistas colombianos, sobretudo de Botero. Mas eu não tinha a dimensão de quanto do acervo do escultor estava exposto lá. São dezenas de pinturas, além das mais conhecidas esculturas em bronze, que estão disponíveis tanto no museu em questão, quanto na praça localizada em frente, e que leva o nome do mais notável artista plástico colombiano.


    Mural pintado por Botero em 1960 para um banco de Medellin. Hoje está no Museu Antióquia.

    Essa surra de Boteto causou em mim um impacto em mim como poucas vezes experimentei, me remetendo aos momentos em que vi originais de Van Gogh, no Met, no Museu d’Orsay e no MASP.

    O Museu Antióquia também traz um uma série de obras mais recentes, sobretudo de fotografia, que lidam com o passado recente e doloroso da cidade e do país, marcardo pelo poder do narcotráfico, personalizado na figura de Pablo Escóbar. Nos dias anteriores, fiquei atento ao comércio de rua e a espaços de memória espalhados pela cidade como bustos e outras esculturas, para ter uma noção de como os medellinenses tem representado o legado nefasto de Escóbar e lidado com a memória em torno dele. Observei que muitas camisetas, broches e outros suvinires que costumam fisgar os turistas trazem serigrafias com retratos do traficante junto de frases de efeito como “Pláta ó Plomo".

    Não sei ao certo em que nível frases como essas estavam no imaginário popular antes da série Narcos e o quanto esse fênomemo pop contribuiu para relativizar a imagem do homem mais celébre de Medellin, como parte dessa tendência de normalização de vilões que a cultura pop vem construindo ao longo das últimas décadas: de Tony Soprano a Walter White; do Coringa de Batman: a piada mortal ao John Marston de Red Dead Redemption 2.

    Também fui muito impactado durante a visita ao Palácio da Cultura Rafael Uribe, que foi construído para ser sede do governo da Antióquia, província da qual Medellin é capital e que hoje funciona como uma instituição de fomento a cultura, além de um museu com exposições ecléticas de artistas colombianos, mas também com muitas alas dedicadas a explicar um pouco da própria história, bem como a da cidade.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 16º
    • Temperatura máxima: 26º
    • Passos dados: 26428
    • Distância percorrida caminhando: 5,7 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 04

    Vista externa do Parque Explora, em Medellin

    Ontem começamos o dia buscando um local para sacar alguns pesos colombianos. Por aqui estamos usando um cartão de débito da Wise, que cobra menos IOF nas transações, mas queremos ter um pouco de dinheiro em espécie para algumas situações na rua.

    Saímos em busca de um caixa eletrônico do Banco de Bogotá, que o Google Maps disse estar há cerca de 20 minutos de caminhada do apartamento em que estamos. O percurso até lá revelou uma parte da cidade com ares mais comerciais do que a parte de Laurelles em que nos hospedamos. Percorremos a maior parte do caminho numa rua que reunia dezenas de lojas especializadas em acessórios para motos e ao chegar ao destino, descobrimos que o caixa eletrônico estava dentro de um pequeno shoping.

    Com alguns poucos pesos nos bolsos caminhamos por cerca de 25 minutos em direção à estação de metrô onde tomaríamos um trem para os destinos programados para o dia: o Parque Explora e o Jardim Botânico, espaços separados por uma rua.

    O Parque Explora é um enorme espaço interativo, nos moldes do Museu Interativo Mirador de Santiago. Ambos espaços são divulgados em blogs de viagem e outros textos pela web como boas opções para entretenimento infantil, mas nos dois casos também entreteram bastante a mim e a Márcia.


    Márcia e Nina na área externa do Parque Explora

    No caso do Explora, em Medellin, além das salas e exposições mais voltadas para uma ciência prática, com brinquedos e experimentos que exploram noções de física e até de subáreas como a acústica, há também estações voltadas para a música. É o caso instrumentos digitais e telas de toque que, por exemplo, apresentam conceitos de mixagem e explicam o papel que diferentes instrumentos tem numa banda.

    Além disso pude conhecer exposições mais estáticas como a que apresenta a história da música gravada, passando pelos fonógrafos e gramophones no século XIX e chegando aos atuais serviços de streaming.

    Outra atração com que brinquei foi um tela tátil que captura a imagem de quem está interagindo com o dispositivo e permite que a pessoa faça capas para hipotéticos álbuns de música de sua autoria. Foi quando tive a ideia de criar uma capa para um pretenso disco meu que nomeei como Medellín e que traria canções com impressões minhas sobre esses dias em que estarei pela cidade.

    Após terminar a brincadeira, passei a encarar com seriedade esse projeto de começar um pequeno disco pela capa e dessacralizar a ideia de que um álbum de música precise ter uma motivação especial ou significativa. Infelizmente ainda não recebi o .jpg da capinha no email que cadastrei ao final da brincadeira. De toda forma fica o insigth para pensar em motivações menos ortodoxas como pontos de partida para futuras produções musicais minhas.


    Club Colômbia, uma ótima lager que me lembrou a pernambucana Ekäut

    Por lá também espaços com uma pegada de museu natural, como o lindo aquário espalhado por várias salas e o vivário que expõe dezenas de répteis e anfíbios da América Latina.

    Durante praticamente todo o dia (ficamos por lá do meio da manhã até o fim da tarde) havia muitas crianças e adolescentes colombianos visitando o Parque Explora. Tive a impressão de que alguns grupos eram turistas dentro do próprio país. Pelas dimensões do equipamento cultural e dada a quantidade e qualidade das atividades disponíveis, o Parque Explora parece ser um espaço importante a ponto de por si só atrair turistas para a cidade, exercendo um papel semelhante ao que Inhotim e o Instituto Ricardo Brennand representam para os seus entornos.

    É inevitável experimentar uma iniciativa desse porte e não ficar desejando que Natal e outras cidades do porte da capital potiguar pudessem dispor de estruturas semelhantes. Mas, tendo visitado algumas cidades maiores da América do Sul e mais espeficiamente do país, cada vez mais se consolida a impressão de que, na América Latina projetos da natureza do Parque Explora só parecem exequíveis do ponto de vista financeiro em cidades grandes como Medellin, São Paulo, Rio de Janeiro, ou nas capitais dos países dessa parte do continente americano.

    Amanhã pretendemos visitar uma parte mais central de Medellin, onde fica o Museu da Antióquia e o Palácio da Cultura Rafael Uribe.

    Algumas estatísticas do dia

    • Temperatura mínima: 20º
    • Temperatura máxima: 30º
    • Passos dados: 18457
    • Distância percorrida caminhando: 12,6 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 03, dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 03


    Vista da minha janela pelos próximos cinco dias.

    Escrevo já de Medellin, o nosso primeiro destino aqui na Colômbia. A chegada até aqui foi bem cansativa e envolveu um vôo de 6h entre BH e Bogotá, 4h de espera pela conexão que nos trouxe até aqui, além de uma diferença de fuso de 2h, que por menor que pareça, cobrou a conta no meio da noite.

    Ainda conseguimos dar uma pequena explorada em Laurelles, bairro onde ficaremos pelos próximos 5 dias. A primeira impressão é se que parece ser relativamente movimentado para uma vizinhança predominantemente residencial, além de passar uma boa sensação de segurança. Fomos a um restaurante de massas aqui nas imediações e passamos em um supermercado também próximo.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 7º
    • Temperatura máxima: 22º
    • Passos dados: 10412
    • Distância percorrida caminhando: 6,7 km

    Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 02, dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 02

    Acabamos reféns da chuva e da preguiça e viramos o ano no quarto de um hotel assistindo De Volta Para o Futuro III, cuja trilogia eu e Márcia revimos ao longo do último mês para apresentar a Nina.


    Savassi só nossa na manhã chuvosa de 1º de janeiro de 2024.

    O dia amanheceu chuvoso mais uma vez e decidimos flanar pela Savassi, bairro em que nos hospedamos quando estivemos por aqui no ano passado. Acho que já comentei aqui neste blog sobre o gosto que tenho por revisitar lugares. O desejo de conhecer novos lugares em viagens é, como era de se esperar, bem forte, mas voltar aos cantos em que já estive antes traz uma sensação de familiaridade e, ao mesmo tempo, de possibilidade de lançar novos olhares sobre o que eu já tinha visto.

    Um pouco mais tarde, rumamos ao zoológico da cidade, na Pampulha, na tentativa de entreter Nina, mas logo nos primeiros minutos começou um toró gigante que, mesmo temos encontrado algumas capas de chuvas daquelas descartáveis, nos encharcado os pés, tênis e calças. No momento em que escrevo estas linhas (18h), a preocupação é se os nossos calçados secarão a tempo do nosso vôo para Bogotá, já que às 4h30 da madrugada rumaremos em direção ao aeroporto de Confins.

    Sobre o zoológico, do pouco que conseguimos ver dada a correria decorrente da chuvarada, pude ver pela primeira vez uma arara azul.

    Algumas estatísticas do dia:

    • Temperatura mínima: 7º
    • Temperatura máxima: 22º
    • Passos dados: 10412
    • Distância percorrida caminhando: 6,7 km

    Estou tentando registrar algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi ontem: dia 01.

    Todos esses pequenos relatos estarão reunidos nessa página.

    Viagem Colômbia 2024 - Dia 01

    Na sala de embarque do Aeroporto de Natal. Em breve embarcarei com Márcia e Nina rumo à Colômbia. Visitaremos Bogotá, Medellin e San André entre os dias 2 e 17 de janeiro. Antes passaremos dois dias em Belo Horizonte.

    Ainda não definimos onde passaremos a virada do ano. Considerando a previsão de chuva de hoje para a capital mineira, é possível que fiquemos no quarto do hotel.


    Tentarei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público.

    Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.

    Viagem Minas - Dia 02


    Alienada Cervejaria, em Uberlândia

    Escrevendo já em Uberlândia. Desembarcamos por aqui pouco antes do meio-dia. O Aeroporto da cidade é bem acanhado e tem dimensões que lembram o Augusto Severo antes da última reforma. Mas a primeira impressão da cidade foi oposta a essa. Mesmo já sabendo de antemão que a população daqui beira os 700.000 habitantes, o caminho até o apartamento de Gabriela e Raoni, onde ficaremos pelos próximos dias, revelou uma cidade maior e com uma estrutura urbana mais desenvolvida do que eu vinha projetando mentalmente.

    Após deixar a bagagem, rumamos para o Centro da cidade, mas exatamente para o Sahtten, restaurante árabe tradicional da cidade, que serve por peso e cujos preparos me fizeram lembrar da Rotisseria Sírio-Libanesa, o popular Árabe do Largo, no Rio de Janeiro.

    Agora à noite fomos conhecer a Alienada, uma cervejaria charmosa que também serve uns burguers bem bons. A temperatura ficou em torno dos 15º, mas nós, natalenses destemidos, optamos por ficar nas mesas da área externa.

    Viagem Minas - Dia 01.2

    Desembarcamos agora há pouco em BH. A GOL alterou o nosso vôo e teremos que dormir num hotel próximo daqui. Amanhã às 7h da manhã pegaremos um vôo para Guarulhos, e de lá para Uberlândia, nosso primeiro destino aqui em Minas.

    Viagem Minas - Dia 01

    Na sala de embarque do Aeroporto de São Gonçalo, vulgo de Natal, com destino a Minas Gerais. Nos próximos 14 dias eu, Márcia e Nina passaremos por Belo Horizonte, Uberlândia e Ouro Preto, com direito a uma visita ao Instituto Inhotim.

    Na sala de embarque do Aeroporto de São Gonçalo, vulgo de Natal, com destino a Minas Gerais. Nos próximos 14 dias eu, Márcia e Nina passaremos por Belo Horizonte, Uberlândia e Ouro Preto, com direito a uma visita ao Instituto Inhotim.

    Perto de casa e um pouco longe de mim

    No último fim de semana participei de uma programação que há muito queria ter feito: um passeio de um dia com amigos, até Ceará-Mirim. Na realidade eu já havia feito algo semelhante em 2019, com Márcia e Nina. Naquela ocasião, a intenção era proporcionar à pequena a experiência do deslocamento de trem, além de conhecer o Centro Histórico daquela cidade.


    Centro de Ceará-Mirim, 30 de janeiro de 2019.

    Àquela época, tanto o transporte ferroviário quanto ter conhecido lugares como o Mercado Público foram experiências marcantes que deixaram uma vontade de voltar com amigos e explorar outros lugares que não conheci nessa primeira oportunidade, sobretudo os antigos engenhos de açúcar.

    Finalmente, no último sábado, mais tranquilos com a redução de casos de covid-19, eu, Márcia, Nina e alguns amigos seguimos rumo à cidade vizinha.

    Contratamos Francisco, o Barão, guia com o qual eu já tinha contato na minha atividade de professor, e às 9h10 embarcamos na Estação da Ribeira, no trem rumo a Ceará-Mirim. O clima nublado e chuva forte que se anunciaram nas primeiras horas do dia não passaram de ameaça e no fim contribuíram para fazer dos deslocamentos mais aprazíveis.

    Uma das coisas que mais tinha me agradado em minha primeira ida ao destino foi a observação de Natal sob pontos de vista que eu ainda não tinha experimentado, daquela vez proporcionados pelo deslocamento de trem. Uma pena que dessa vez as janelas dos vagões estivessem cobertas por uma propaganda do Governo Federal, o que impossibilitou a contemplação da paisagem durante o deslocamento.

    Após a chegada no nosso destino, percorremos algumas ruas do Centro, com foco nos antigos casarões e na igreja católica. Mas foi a segunda parte do roteiro - a exploração dos antigos engenhos - o momento mais gratificante do dia. Mesmo que alguns em ruínas, eu desconhecia que tão próximo a Natal havia tantos resquícios arquitetônicos do passado imperial brasileiro. Francisco, o guia, tinha um domínio considerável sobre as relações pessoais e familiares locais, o que ajudava a dar um contexto ao atual estado dos prédios que visitamos.

    Um dos momentos mais bacanas do passeio foi a visita ao antigo Museu Nilo Pereira, equipamento que se encontra desativado desde 2006 e que, ainda estando bastante maltratado, se impõe pela imponência como exemplo de arquitetura imperial. Recentemente foi anunciado que a Fundação José Augusto elaboraria um plano para recuperação do prédio, o que obviamente dependeria da reeleição de Fátima para o governo estadual. De toda forma, também pela localização entre o centro de Ceará-Mirim e os antigos engenhos, ter esse museu ativo e funcional seria fundamental para reforçar o roteiro daquelo destino, tanto como opção de atividade educacional, como atividade turística.


    Museu Nilo Pereira, 26 de março de 2022.

    Mas o principal aspecto que ficou dessa experiência foi constatar mais uma vez que não é necessário uma viagem longa para fora de Natal ou do país, para desfrutar do estado de espírito que normalmente me encontro ao passar algum tempo longe de casa, convivendo em situações que de alguma forma diferem do meu cotidiano, como estar submetido a idiomas, comidas e climas diferentes. No geral, essas pequenas imersões em outras realidades me poem num estado de curiosidade que normalmente resultam em estímulo para o trabalho artístico/criativo.

    Foi o que aconteceu quando estive em Buenos Aires pela última vez, em 2019. A estada de quase duas semanas na capital argentina me encheu de pequenas ideias para letras de música que, mesmo ainda não terem se transformado em canção, pelo menos viraram material de referência para futuras composições, hoje habitando no aplicativo de notas que uso como catálogo para esses lampejos de palavras e esboços de melodia (pretendo escrever em breve sobre como estruturo esse sistema).

    De alguma forma experimentei um sentimento semelhante nesse passeio de um dia pela cidade vizinha à minha. Nesse contexto de Real ainda bem desvalorizado e de achatamento salarial dos docentes da Rede Municipal de Ensino de Natal, promovido pelo pesadelo de prefeito que Natal tem, e na impossibilidade de deslocamentos mais frequentes para lugares mais distantes, essas pequenas fugas para lugares próximos ou simplesmente para fora da rotina, podem cumprir bem o papel de distração positiva para a cuca.

    10 anos de encontro com a majestade


    Eu, Reginaldo Rossi e Márcia. Recife, 07 de dezembro de 2007

    Centenário


    Estádio Centenário, Montevidéu. 30 de junho de 2017 (Foto minha)

    Saímos mais tarde de casa do que eu gostaria. Por volta das 11h. Mas o nascer do sol tardio para os padrões natalenses e o frio matinal do inverno montevideano, justificam, em parte, nosso atraso.

    Começamos o programa do dia com um passeio na orla da cidade, seguindo a famosa Rambla. Saímos de Punta Carretas em direção a Pocitos. Quem é acostumado com a orla de cidades nordestinas como Natal e especialmente Maceió, a “via costeira” de Montevidéu não impressiona. O fato de eu já ter conhecido o Rio da Prata em Buenos Aires e Colônia, também contribuiu para enfraquecer a impressão que tive da costa da cidade. De toda forma, fui impactado pelo casamento da paisagem natural com a arquitetura sessentista dos prédios da Rambla.

    Talvez por se tratar de um dia de semana, senti a falta de mais pessoas caminhando ou se exercitando pelo calçadão daquela que parece ser uma das áreas mais nobres da capital uruguaia.

    Continuamos caminhando até o letreiro da cidade, tal qual o que inauguraram recentemente em Natal, na Praia de Areia Preta. Pausa para fotos e vídeos de turista e decidimos voltar ao nosso ponto de origem, dessa vez caminhando por dentro do bairro de Pocitos. Em geral, achei a paisagem dessa área de Montevidéu bem parecida com Copacabana e outros bairros da Zona Sul carioca.

    Um dos momentos mais legais desse dia de flanagem, foi chegar, por acaso numa feira de alimentos, de rua. Para quem tinha como referência as feiras natalenses, aquela uruguaia me encantou bastante. Fiquei surpreso com a aparência, tamanho e suposta qualidade dos vegetais expostos. Também não passaram despercebidos alguns trailers/caminhões que vendiam diversos tipos de queijos e embutidos.


    Feira livre em Pocitos, Montevidéu.

    Mas um pouco de andança pela região e acabamos chegando no lugar que havíamos escolhido para almoçar: o restaurante Le Perdiz. Mais uma vez fomos em busca dos assados do Uruguai. Mais uma vez foi uma experiência ímpar degustar a carne do país. É impressionante como eles conseguem conciliar uma carne extremamente macia, limpa e no ponto certo. Não lembro se já abordei isso em textos anteriores sobre essa viagem, mas eu saí do Brasil com um certo receio dos preços dos restaurantes do Uruguai. Os blogs e demais fontes que consultei alertavam para esse fato. No fim, achei tudo meio compatível com o preço que se pratica em Natal. Considerando que estamos pagando cerca de R$ 50 por pessoa em churrascarias nobres da cidade é que gasto isso ou mais quando vou, por exemplo, ao Rachid’s, penso que está bem razoável.

    Após o almoço, nos separamos em dois grupos e rumamos em direção ao Estádio Centenário. Mais uma vez achamos mais fácil tomar um Uber do que outras formas de transporte.

    Provavelmente Montevidéu não precisa de um sistema de metrô. Os ônibus não aparentam andarem muito lotados e parecem chegar a praticamente toda a cidade, mas confesso que fiquei um pouco mal acostumado com as facilidades do metrô de Santiago.

    A ideia de programação para o estádio-sede da Copa de 1930 era uma visitação ao Museo do Futebol. Assim foi feito. No geral, achei o museu bastante desorganizado. Não há uma lógica na disposição dos itens expostos. Não se sabe se estão organizados de maneira temática ou cronológica. Inclusive há a presença de uma série de objetos que não são diretamente ligados ao esporte bretão. É o caso de alguns cartazes de jogos olímpicos.

    O segundo andar do museu tinha itens mais interessantes, como troféus e camisas de clubes e da seleção do país.

    Mas a melhor parte da visita ao museu foi poder entrar e contemplar o estádio a partir da arquibancada. A minha ligação com o futebol, por si só, já seria suficiente para que uma ida ao Centenário me emocionasse de alguma forma. Mas, por razões desconhecidas, vim nutrindo ao longo da minha vida um tipo de admiração pelo futebol uruguaio. Até consigo listar alguns episódios esporádicos em que a mística da celeste e do futebol uruguaio como um todo me tocaram, como a final da Copa América de 1995, as oitavas de final da Copa de 1990 e a graça de ter sido pego de surpresa ao poder ver um jogo do Penharol, em Colônia, em janeiro de 2011.

    Estar no Centenário, ainda que apenas na condição de visitante, trouxe-me uma emoção diferente. As condições gerais do estádio me surpreenderam positivamente. A impressão que construí nos últimos anos, ao assistir partidas e reportagens pela televisão, era a de que o estádio estava em condições de conservação piores do que as que de fato encontrei.

    A vontade de assistir uma partida naquele templo do futebol tomou conta de mim tão logo deixei as arquibancadas. Passei tanto tempo deslumbrado que quase perdi a hora de mais uma etapa do tour: uma visita ao mirante daquele equipamento esportivo. Segundo a guia que acompanhou a mim e Marcia, aquele era o ponto mais alto da cidade para uma mirada em 360º.

    Experiência interessante, ter uma impressão das cercanias do estádio de um ponto tão alto, mas o Centenário parecia imantado em relação aos meus olhos. Logo esqueci da paisagem mais ampla de Montevidéu e voltei minha atenção para o templo do futebol uruguaio.

    Infelizmente, a lojinha do museu estava fechada quando eu e Márcia concluímos nossa visita, mas os últimos momentos no lugar foram suficientes para que os gentis funcionários, ao perceber meu deslumbramento, me informassem que o jogo do Nacional, que acontecerá amanhã - e eu imaginava que ocorreria em outro campo - será ali mesmo, no Centenário. Confirmei a informação na bilheteria, mas preciso descobrir onde posso comprar minha entrada, já que, por alguma razão, os ingressos não serão vendidos no palco do espetáculo.

    Após deixar o museu, demos uma volta no mesmo parque em que já estávamos. Como de praxe, havia muitos brinquedos de criança e Nina se fez. Num dado momento foi interessante ver Nina interagindo com uma garotinha montevideana com idade semelhante a dela. Mais uma vez fomos bem recebidos por locais da cidade. O pai da nova colega de Nina foi bastante gentil e nos ajudou bastante ao indicar o local correto para pegarmos o ônibus que nos levaria de volta a Punta Carretas.

    Dia para ficar na memória.

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