Desde que passei a me interessar mais ativamente por discussões sobre mobilidade urbana, eu já tinha uma breve noção do quanto os sistemas de ônibus e ciclovias de Bogotá eram referência.

Desde que chegamos a Bogotá, há quatro dias, a vontade de explorar a cidade em uma bicicleta só foi aumentando. Ontem deu certo.

A nossa programação para ontem incluía conhecer o Mercado de Pulgas de Usaquén>. Fizemos esse passeio pela manhã, mas Márcia acordou incomodada com com enjôos e dor de cabeça, o que nos fez voltar mais cedo para o apartamento em que estamos hospedados.

Na verdade, o Mercado de Las Pulgas está mais para para uma feira de artesanato. Pude ver algumas coisas bem interessantes como umas peças em madeira representando umas janelas típicas colombianas e umas esculturas feitas a partir de discos de vinil, mas essa feira de rua se mostrou menos caótica e surpreendente do que a Feira de San Telmo, em Buenos Aires ou a Feira Hippie de Belo Horizonte.

Com Márcia indisposta e Nina sem querer me acompanhar na exploração vespertina da cidade, estava aí a minha oportunidade de pedalar sem destino pelas ruas da capital da Colômbia.

Por aqui há o Tembici, o sistema brasileiro de aluguel de bicicletas que está presente em cidades como São Paulo, Rio e Belo Horizonte e que é mais conhecido pela parceria com o Itaú e pelas bikes laranja que podem ser encontradas nos maiores centros urbanos do Brasil.

Estação da TemBici em Bogotá

A minha primeira experiência com esse estilo de locação de bicicletas se deu em dezembro de 2011, em Paris, quando pude me deslocar pela cidade com Márcia através do Velib, serviço que inspirou o própria Tembici, como Maurício Villar, fundador da empresa explicou nesse episódio do Tecnocast.

Àquela época, o Velib estava em funcionamento há pouco mais de 4 anos e usava como base muitas ciclovias e faixas exclusivas, mas também dependia de faixas compartilhadas com ônibus, o que dava toda uma emoção aos deslocamentos, mas não me parecia o modelo mais adequado.

É mais ou menos a ideia por trás das ciclofaixas implantadas em Natal ao longo dos últimos anos, onde há uma quantidade razoável de faixas exclusivas para as bicicletas em Petrópolis, Tirol e em algumas avenidas da Zona Norte como a Moema Tinôco e a Itapetinga, mas com a insistência em demarcar faixas compartilhadas com ônibus em vias movimentadas como a Salgado Filho/Hermes da Fonseca, Prudente de Morais e Engenheiro Roberto Freire.

Aqui em Bogotá a opção foi por priorizar faixas exclusivas em ruas e avenidas paralelas às principais em detrimento das faixas compartilhadas com ônibus em via de maior circulação. Em Natal seria o equivalente a abrir mão da faixa compartilhada da Avenida Engenheiro Roberto Freire e optar por demarcar ciclovias exclusivas nas ruas mais para dentro de Capim Macio, no sentido Ponta Negra.

O resultado desse sistema adotado aqui na capital da Colômbia é que o modal bicicleta é largamente utilizado pelas pessoas como meio de transporte do dia a dia, além de estar bem integrado ao outro modal principal que são os ônibus ao estilo do BRT brasileiro. Em várias situações presenciei usuários do transporte público embarcando nos ônibus com as suas bicicletas, descendo mais à frente e seguindo o restante do seu trajeto no veículo de duas rodas. Por sinal, os ônibus são um tema a parte em se tratando de Bogotá. Utilizamos bastante nos nossos deslocamentos por aqui e pretendo escrever algo sobre essa experiência por aqui.

Numa das ciclovias de Bogotá

Essa minha primeira experiência de bike por aqui consistiu num deslocamento entre Chapinero, bairro onde estou hospedado, e as imediações do Centro da cidade, num deslocamento de mais ou menos 12 km, considerando a ida e a volta. Segui por uma avenida menos movimentada e que tem uma ciclovia exclusiva no meio do passeio público e não compartilhada com pedestres. Usei o TemBici (há uma estação na esquina oposta ao apartamento em que estou) e para o deslocamento em questão gastei algo em torno de R$ 10.

Não vejo a hora de pegar outra bike para explorar a cidade mais uma vez nos três dias que me restam por aqui.

Algumas estatísticas do dia

  • Temperatura mínima: 9º
  • Temperatura máxima: 21º
  • Passos dados: 10989
  • Distância percorrida caminhando: 7,6 km

Tentei registrar as algumas das minhas impressões sobre essa viagem à Colômbia numa espécie de diário público. Segue o que escrevi nos dias anteriores: dia 14, dia 13, dia 12, dia 11, dia 10, dia 09, dia 08, dia 07.2, dia 07, dia 06, dia 05, dia 04, dia 03, dia 02, dia 01.

Todos esses pequenos relatos estão reunidos nessa página.