História

    Notinhas 4x1

    • Meio que vindo de encontro ao post anterior, ontem aconteceu uma invasão de sem-terras à Secretaria Estadual de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária. Cerca de 200 membros do MST se instalaram nas dependências da secretaria, alguns deles portanto facas e pedaços de pau. Eles reivindicavam promessas não cumpridas de desapropriação de terras. Detalhe: as desapropriações são jurisdição do Governo Federal. Depois de despertarem o medo dos funcionários e a curiosidade da imprensa, partiram em marcha rumo ao INCRA, o lugar correto para os protestos. Já sabe. Se esse blog passar alguns dias desatualizado, considere a possibilidade de eu estar refém do MST.
    • Está cada vez mais insuportável parar nos semáforos da cidade. Raros são os cruzamentos que não abrigam aquela massa de desempregados sedenta para pôr a mão no seu pára-brisa. Ao invés de limparem os vidros eles acabam sujando tudo e, muitas vezes, danificam os limpadores dos carros. Em alguns sinais, como os que ficam em Ponta Negra, na rótula de entrada para a Via Costeira, vez ou outra aparece um carro da Guarda Municipal, o que faz com que os flanelas fujam em debandada. Já ouvi falar sobre alguns casos de mulheres terem sido assaltadas e de serem costumeiramente insultadas pelos ditos cujos. O pior de tudo é quando , vez ou outra, eu me pego desviando, inconscientemente, do caminho mais lógico para os meus destinos para evitar parar em sinais cuja abordagem é tida como certa.
    • A cada dia, a cada nova leitura, me surpreendo com a genialidade de Honoré de Balzac. Há uns dias comecei a reler Eugenie Grandet e estou me deliciando com as ricas criações de personagens feitas pelo francês que universalizou a expressão “mulher de trinta anos”. Quem ainda não conhece a obra do autor e está interessado a se iniciar nos trabalhos do gênio, aconselho começar por Pai Goriot e Eugenie Grandet, ambos fáceis de se encontrar e com leitura não muito densa. A coleção “obras-primas” da Martin Claret, que é bem acessível, editou esses dois livros há pouco tempo. A Biblioteca Central da UFRN também dispõe de um acervo generoso das obras de Balzac. Outra boa pedida é procurar pelo filme “Balzac, Uma Vida de Paixão”, que vez ou outra é exibido no Eurochannel e é estrelado por Gerard Depardieu. Fica a dica. Falo sério!
    • Cheguei a iniciar a leitura de O Código da Vinci, mas por falta de tempo não consegui progredir na obra. Sobre o filme, boa parte das críticas que li afirmam que ir ao cinema sem ter consumido a obra de Dan Brown não é uma boa pedida. Como são poucos os críticos que levo a sério, devo ir ver o filme antes da segunda tentativa de ler o livro.

    O PRAZER ESTÁ NO VINHO. A VERDADE NÃO

    Até os mais leigos em História devem saber que muitos dos costumes e práticas das sociedades ocidentais na atualidade são herança da civilização romana. Noções de direito, política são o que nos parecem mais óbvio. Por mais que a história possa ser seletiva, é fato a contribuição dos romanos para a formação do “mundo ocidental”.

    Porém, há uma máxima dos nossos queridos antepassados, eternizada como verdade universal dos sem caráter, que eu discordo, modéstia parte, com autoridade para tal: “A verdade está no vinho”.

    Aprecio um bom vinho como poucos devem fazer, mas não creio que haja algo de hipnótico na bebida que embalava os bacanais (cabarets de luxo antigos). Já passei por momentos em que o ritmo com que mantinha contato com etílicos beirava a dependência química. Hoje em dia até me vanglorio de estar em situação bem diferente, levando uma vida mais saudável. Mas, nunca, em todas as minhas aventuras e inúmeras sagas em que estive com o cérebro e o coração embebidos em álcool, me apoiei nisso para justificar alguma falha que tenha cometido. E olha que a quantidade de etílicos que já ingeri deve exceder o imensurável.

    Já passei pelos diversos estágios da embriaguez e posso garantir, de pés juntos ou separados, fazendo um quatro ou um oito, que você é o que quer ser, esteja bêbado ou não. Estou de saco cheio de ver conhecidos e desconhecidos se valerem de uma desculpa tão chula para justificar as suas irresponsabilidades ou erros.

    Eu me assumo como dotado de irresponsabilidade, impontualidade, esquecimento e outras mazelas. Mas essas são características minhas e não dizem respeito à bebida nenhuma. Falto com os meus compromissos, me atraso e esqueço de porquês e poréns, esteja são ou não.

    Entendo que cada individuo possui a sua individualidade e características próprias, sendo um mais suscetível às conseqüências da embriaguez do que o outro. Mas, qualquer pessoa, sabendo não ter autocontrole suficiente para continuar sendo o que é quando sóbrio, assumindo uma cara a cada gole, ainda tem a opção de continuar um só: fechar a boca ao que lhe levar a sobriedade.

    Não sou um historiador diplomado, de papel passado, e nem precisava ser para me atrever a reescrever a história. Para mim, o prazer está no vinho. A verdade não.